Quem sou?

Nasci em Porto Alegre/RS em 1952.
Como meu pai era músico, morei, até a adolescência, em várias cidades do Brasil, o que me permitiu conhecer diferentes escolas públicas do RS, SP e RJ, embora nestas oportunidades ainda não tivesse maturidade para avaliá-las. Como todas as meninas "bem comportadas" da época, eu era deslumbrada pelas professoras, a quem muito admirava e cumpria rigorosamente meus deveres para com a escola, embora às vezes, com muita dificuldade.

Nestas lembranças, sempre me vem à mente uma professora da 4ª série do primário (atual Ensino Fundamental) que muito valorizou um texto que eu produzi (na época, chamado de composição), colocando elogios e divulgando-o aos colegas. Hoje, percebo o porquê deste encantamento: como eu tinha dificuldade para escrever, senti-me valorizada pelo que havia feito e pelo reconhecimento da professora.

A partir da adolescência, minha mãe, com quem sempre morei, fixou residência em Rio Grande/RS. Aí realizei o curso Normal (Por que será este nome? Os outros cursos não eram normais?), hoje conhecido como Magistério, no Instituto de Educação Juvenal Müller, na época motivo de orgulho para minha família. No último ano do Ensino Médio, como muitas adolescentes, ainda estava em dúvida sobre a profissão a seguir, embora desde pequena gostasse de brincar de professora com meu irmão e primos/as (Na época, quem não gostava?) e, autoritariamente, não deixasse eles serem professores.


Decidi-me, enfim, pela Pedagogia, cursando-a na Fundação Universidade Federal do Rio Grande-FURG,onde fui convidada a trabalhar logo em seguida de minha formatura, em dezembro de 1975. Neste período de estudante, trabalhei, inicialmente, como professora e depois como supervisora da zona agropecuária do Taim (interior RG/RS). Estas experiências contribuíram muito para minha formação, pois foram os primeiros contatos com as crianças e depois com os docentes, distantes do que havia aprendido no Magistério e depois na Faculdade. A realidade concreta (classes unidocentes) mostrava problemas diferentes daqueles estudados e previstos nos planejamentos. Ficavam muitas questões sem solução, pois nem sempre o "sistema" me permitia descer ao concreto e ao contexto social.

Em 1976, já contratada pela FURG, fui fazer o Mestrado em Tecnologia Educacional no Instituto de Pesquisas Espaciais - INPE, em São José dos Campos/SP. Aprofundei ainda mais as questões tecnicistas. O curso e muitos professores eram "importados" dos EUA. As relações entre educação e sociedade não eram postas em discussão. Estudei Briggs, Skinner, Gagné, Bloom, Mager, Stufflebean, entre outros. Havia modelos para tudo: planejamento, avaliação, ensino-aprendizagem. É lógico que fiz uma dissertação de Mestrado nesta linha, pretendendo, quando voltasse à instituição de origem (FURG), colocar em prática o modelo sistêmico desenvolvido para 
Supervisão Educacional.

Em 1978, quando retornei, me dei conta de que, mais uma vez, a prática não funcionava conforme a teoria.  "Formamos uma comissão". Eu e um grupo de amigos professores do Departamento de Educação e Ciências do Comportamento (DECC) Ana, Jorge, Marília, Neusa, Olga  criamos a Comissão de Tecnologia Educacional (COMTED), que tinha entre suas competências, oferecer assessoramento técnico-pedagógico aos docentes da FURG e organizar e oferecer cursos, encontros e seminários para professores da Universidade e comunidade em geral. Foi um período (1979 a 1984) muito rico de descobertas, aprendizagens e contradições. Estas experiências consolidaram minhas primeiras vivências no coletivo. Aprendi, na prática profissional, conceitos de solidariedade, organização coletiva, empreendimento, prazer e significado na ação educativa. Com este grupo, coordenei, por três anos, um Curso de Extensão e um de Pós-Graduação em Tecnologia Educacional.

A visão de outras áreas de ensino, o saber e o fazer pedagógico dos colegas de áreas aparentemente distanciadas da pedagogia, serviram-me para desocultar uma realidade até então desconhecida: a não-neutralidade do profissional da educação. A realidade estava sofrendo reformulações, permitindo-me estudar os problemas no cotidiano e questionar o professor na sua área de atuação.

As experiências nos 20 anos em que trabalhei na FURG foram muito significativas. Propiciaram-me o conhecimento e o trabalho nos Cursos de Licenciatura, a realização de projetos de extensão com muitas escolas do Rio Grande, o trabalho na administração superior da Universidade, através de assessorias, comissões, coordenação, colegiados de curso e, o último, como Superintendente de Graduação na Sub-Reitoria de Ensino e Pesquisa que me possibilitou realizar estudos, coordenar a revitalização dos Cursos de Licenciatura (resultado de uma pesquisa realizada entre 1986-1987) e encaminhar a mudança do regime Acadêmico para Anual e Seriado (1990-1991).

Em 1992, decido partir para um Doutorado em Educação. Busco a Faculdade de Educação da 
Universidade de São Paulo-USP , mantendo inicialmente contato com Mariazinha Fusari, para que me orientasse nas questões sobre o estudo da TV e as relações educacionais com este meio. Meu primeiro impulso para este estudo veio com minha filha, Francine, na época com sete anos, totalmente "vidrada" na telinha. Eu não sabia o que fazer nem por onde iniciar a aproximação com esta mídia, tão fascinante e presente em minha casa.

Mariazinha (recém doutora) encaminhou-me para Heloisa Dupas Penteado e tive o prazer de, durante quatro anos, realizar, sob sua orientação, estudos sobre a intermediação destas áreas TV/JOVENS/ESCOLA), que resultaram a tese intitulada Aprendizagem escolar e televisão: uma experiência com a Pedagogia da Comunicação em 5ª série do 1º grau. São Paulo, FE/USP, 1996.

Então, de posse de mais um título, chega, para mim, a hora da aposentadoria. O que fazer? Vivia, junto com os demais professores universitários, um momento de "terrorismo" com incertezas sobre a aposentadoria. Então, depois de alguns questionamentos e dificuldades, decido me aposentar.
Mas não posso parar de trabalhar...  O que fazer com as descobertas adquiridas durante o período vivido na USP e UNICAMP (onde tive o prazer de fazer alguns cursos e de participar do grupo -Memória, Ensino e Novas Tecnologias - MENT coordenado por Vani Kenski)?

Desde 1997, através de concurso público em Didática, participo do quadro de professores efetivos da
 Faculdade de Educação da Universidade Federal de Pelotas-FaE/UFPel, onde tenho sido responsável por pesquisas e atividades na Graduação e Pós-Graduação na área de Educação e Comunicação e Formação de Professores, tais como, disciplinasrealização de eventosorientação de alunos do Mestrado e Doutorado em Educação. Neste período já orientei cerca de 20 alunos de Mestrado e Doutorado, além de ter mais de 20 orientandos de Iniciação Científica que muito têm me ajudado nos projetos que venho realizando com apoio da FAPERGS, CNPq e CAPES.  Maiores detalhes estão  no CURRÍCULO LATTES:  http://lattes.cnpq.br/5732783206082038

Em 2009 e 2010 realizei um Pós Doutoramento junto ao Grupo de Pesquisa NUPEIN (Estudos e Pesquisas da Educação e Infância) do Centro de Educação da Universidde Federal de Santa Catarina (UFSC), coordenado pelo professor Dr. João Josué da Silva Filho com o projeto de pesquisa intitulado '
Relações, concepções e mediações: as TICs nas  escolas de ensino fundamental de Pelotas/RS, e bolsa do CNPq.

Assim venho me constituindo como professora, orientadora e pesquisadora. Além disso, nesses últimos 10 anos descubro algumas facetas que me encaminham para a área de Artes, desenvolvida a partir do referencial de vida de meu pai, tios e avós paternos. Desde então, a sensibilidade me conduz e desperta meus sentidos e descobertas para as artes plástica, música e poesia.

Se a Universidade tem me tem propiciado aprendizagens, alegrias e crescimentos no contato com os outros em busca do trabalho colaborativo e formativo, fazer arte e sentir-me artistamuito contribui e me ajuda a descobrir o outro e os outros que habitam em mim e/ou estão fora de mim, mas são significativos pois me constituem como a profissional e a mulher que hoje sou. 
Assim, só me resta agradecer:

Obrigada  à vida

que me tem dado tanto.

Obrigada  à vida

que me mostra tanto.

 

Um tanto de beleza, de alegria

e de tristeza.

Um tanto de aspereza e de esperança

que me fazem crescer nas voltas dos caminhos.

 

... 

Obrigada  à vida de ontem

que me prepara para o hoje.

 

Obrigada  à vida de amanhã

que surge nos caminhos do hoje.

 

Obrigada  à vida de hoje,

que me abre para os caminhos do amor.

 

Obrigada aos caminhos

que me permitem viver hoje e amanhã,

como resultado de uma vida aberta.

 

Caminhos de hoje: alegre, feliz, especial.

Caminhos de amanhã: esperado, amado, plural.

 

Caminhos de uma vida de esperança construída para  bonança.

Caminhos de serenidade, tranqüilidade e amorosidade.



 
 
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